segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

(FORMA)DOS



Entramos forçados. Ficamos calados. Saímos Formados. 

Tive que voltar para casa - depois da padaria logo cedo -  com essa inscrição estampada na camisa de uma adolescente indo para os últimos momentos de seu processo educativo no ensino fundamental. Toda orgulhosa. Exibia o dizer que representava o discurso de um grupo. A sirene alardeou meu sistema de reflexão adulto. Petulantes. 

Se saíram formados, não sei. Seria preciso alguns minutos de conversa com a jovem. Mas formados em quê? Talvez, até tenham razão. Foi o que experimentaram ao longo de todo esse tempo. Também é assim nas diversas instituições da sociedade, como trabalho, família e etc. Serei eu o petulante a duvidar da beleza dos dizeres? Petulante!

Então, aproximemo-nos mais dos dizeres e respeitar o pensamento. Entramos forçados. Foram condicionados desde crianças a assumir papéis. Faz isso. Não faz isso. Porquê? Porque sim, disseram os adultos forma-dos. Não é chip programado, nem mente a criar. São roupas que se devem gradualmente serem usadas. A sociedade, con-formar para viver em possível harmonia dirão tantos críticos e filósofos, como Rousseau, por exemplo. De fato, decidiu-se por eles. Foram forçados. 

Quanto a ficar calados. Eis a espinha dorsal do sistema educacional em qualquer parte do planeta. Quem os manteve calados? Eles que não foram fortes o suficiente para dizer alguma coisa ou para isso estavam ali, aprender a não dizer. Esquecer a infância das perguntas ininterruptas. Às vezes penso que os aprendizes não sabem fazer perguntas; e os mestres só sabem dizer respostas que ouviram por aí do tempo que saíram forma-dos. 

Forma-dos. Ou saíram na forma, preparados para perder, se levarem em conta o olhar dos professores desestimulados, a infraestrutura precária e imunda do ambiente. Tente, por exemplo, entrar num banheiro de escola pública. Na entrada, você se sente merda inconscientemente como a merda que se esconde no vaso. Só no shopping você finge que não é naqueles banheiros lindos de morrer. E por fim, conteúdos que engessam o pensamento. Forma-dos! Na vida é preciso ter marcos, etapas de passagem. Talvez, seja isso que pretendam dizer apenas: Mais uma etapa. Sou mais gente; mais sociedade.

Creio que vou voltar e sugerir para o próximo grupo que acrescente à frase: Quero merenda! Ficará mais irônico. De preferência que envie um exemplar à Diretora, ao Secretário de Educação e às autoridades do local. Ah sim, vamos sugerir aos políticos cada eleição: Entramos escolhidos. Ficamos parados. Saímos forçados. 

Oliveira Sousa 

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