terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O SIMPLES




O simples
Faz-nos sábios
Sorriso de criança
No coração

O simples
Desperta o sonho
Ver mais além
O mar numa gota

O simples 
Acalma o existir
As sensações do corpo
A eternidade da alma

O simples
Há pétala em tudo
Pois a alma cultiva
Jardins em todo canto

O simples
Faz-nos poetas
Cobertos de beijos
De todos os amores



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

EM BUSCA DA POESIA


Em busca da poesia,
Sonhando a alma destemida
Dei de cara com a alma bamba
Mas imensamente contente.
Em busca da poesia,
Sonhando dizer tudo
Dei de cara com a dúvida
Mas sem estar perdido.
Em busca da poesia,
Sonhando a paz,
Dei de cara com a guerra
Mas coleciono beijos e orgasmos
Em busca da poesia,
Sonhando o céu
Dei de cara com a dor
Mas moendo meu tempero.

Oliveira Sousa

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

VEM A LUZ




Teu sol não se apagará
Tua lua não será minguante
Porque o Senhor será tua luz
Ó povo que Deus conduz.

                                         Agostinha Vieira de Melo



É o desejo de todo espírito. Tempos de paz. De uma luz que foi sonhada e se aproxima. O que seria esperar reviver o nascimento de Jesus, senão embeber-se do encanto da passagem de um ser humano que soube em tudo encontrar amor; que por mais que se escreva, sempre se encontrará uma palavra que acrescente qualidades à pessoa notável dele. 

Jesus traz o modo de viver ideal, que por séculos foi refletido e buscado por filósofos e ciências. Mais que nunca o Advento (espera vigilante do nascimento de Jesus) é tempo de olhar para nossa vida e confrontar com a Vida de Jesus, em que nos ajuda a sermos melhores humanos. De que modo podemos conhecer e controlar de forma harmoniosa nossas emoções, pensamentos, adversidades, paixões, enfim, como tornar realidade o amor  desde as pequenas às grandes coisas que nos acontecem.

Todo nascimento é recomeço. Para a vida que ressurge do Mistério e para todos quantos fazem parte da vida do novo ser. Pois nossa história é uma grande teia de aranha. Nos ligamos a cada fio que perpassa o emaranhado. Assim, temos a oportunidade a cada ano, refazer-nos no nascer de Jesus. Reafirmar a beleza. A luz que nos dá origem. Negar toda e qualquer escuridão que queira nos identificar como parte dela. 

A cena. O anjo mensageiro. A mulher que crer na Palavra. O homem que dá confiança ao projeto. Tudo concorre para o bem dos que creem. E o lema da história da fé. Quem crê não se decepciona. Há uma força presente nessa afirmação que se confunde com o querer do Universo em seguir existindo. E se o projeto do nascimento de Jesus tinha tudo para dá errado, do ponto de vista dos acontecimentos narrados na Bíblia, subjaz na mesma narração o grande ensinamento da Palavra: Fé. Em suma, quando a palavra que nos habita tem ligações em cada poro, célula que nos faz existir e por ela nos movemos, nada impedirá que assim seja. Jesus que vai nascer é portador dessa Verdade. Escolhamos a Palavra, aquela que nos levanta cada manhã e nos faz dormir para os melhores sonhos. Do vocabulário do Menino-Deus temos milhares de opções, todas ramificadas na melhor de todas, o amor. Assim Seja. Vem Menino, para a alegria da Humanidade! 

Oliveira Sousa

sábado, 6 de dezembro de 2014

ALMA SE AQUIETA


arquivo pessoal


A alma se aquieta para estar consigo mesma. Na verdade, é todo o Cosmo que se aquieta para estar conosco. Escutar nosso barulho invisível, incompreendido. O corpo dança no ritmo do silêncio. Toda sensação vinda do silêncio produz som, música. Não se resiste quando o Mistério nos ganha. E nem queira explicar, pois amor é entrega. Dar-se ao que nos conquista. Todo espaço sagrado é convite ao amor. Permitir que o Silêncio nos baile, nos leve os passos. 


Um minuto é eternidade na alma que se confunde com o sagrado. Toda cruz vira ressurreição. E o mais escondido de escuridão que possa existir nas profundezas da alma se torna luz. A vida é transcendência. Supera qualquer imagem de que a vida só é isso, amontoado de circunstâncias e sobrevivência. Ou um pouquinho de sorte. A vida é este suspiro ante o que vai além de nossa realidade material. Suspiro de encanto, de beleza, de entrega, amor. Experiência de ter os lábios perfumados e doces do amado passeando os contornos da alma. 

Quando a alma se aquieta, a luz desperta. As pedras que rolam desesperadas querendo nos esmagar perdem a força e se transformam em flores. O desespero dá espaço à esperança. A vida ganha o sentido que queremos dá; pois onde a luz desperta, o milagre é certo. A poeira vira brisa; a dor, oportunidade de descobrir o que está além. Tudo isso com o mais simples, sublime e encantador gesto de aquietar a alma ante o espaço sagrado. 

Oliveira Sousa    


TRANÇAR O SONHO





Fazer da extensão
Infinita dos sonhos
Uma trança

Sinal do nosso domínio
Sobre o que queremos
Liberta e realiza.


Oliveira Sousa

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

AO ESPÍRITO



Vinde, ó Deus em meu auxílio. 
R. Socorrei-me sem demora. 
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém. Aleluia.

......
ESPÍRITO


Não se estar só. Torna-se mais belo quem encontra Luz no caminhar; mais exuberante é quem toma consciência que ela é apenas um farol que lá das profundezas de seu íntimo segue à frente dos passos. Assim, nenhuma escuridão se demora. A história pessoal não será uma sequencia de desacertos. Ao contrário, sempre espaço onde a Luz há de chegar. Não temais crer que o que há de belo no mundo, antes nasce em nós e é reflexo de nosso modo de comportar-nos ante o que chamamos de mal. Cada dia sua cruz, diz a escritura. Cada dia vencê-la, diga a você mesmo. Feliz de quem encontra um tempo para ver-se rodeado por luz, a de Deus, a do mundo, do Universo, do branco dos olhos, da poesia...Não se estar só. Qualquer deserto é vencido, quando o sofrimento encontra a luz. 

Oliveira Sousa

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SEGUE VIDA




A vida segue vestida de flores,
despida de rancores, 
embebida de gratidão.

A vida segue em busca de amores,
degustar os seus sabores,
Guardar a melhor recordação.

A vida segue como ela é,
Latente desejo de Felicidade,
Porto seguro encontrar.

A vida segue
Todo dia
Segue
Vida.


Oliveira Sousa






segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

(FORMA)DOS



Entramos forçados. Ficamos calados. Saímos Formados. 

Tive que voltar para casa - depois da padaria logo cedo -  com essa inscrição estampada na camisa de uma adolescente indo para os últimos momentos de seu processo educativo no ensino fundamental. Toda orgulhosa. Exibia o dizer que representava o discurso de um grupo. A sirene alardeou meu sistema de reflexão adulto. Petulantes. 

Se saíram formados, não sei. Seria preciso alguns minutos de conversa com a jovem. Mas formados em quê? Talvez, até tenham razão. Foi o que experimentaram ao longo de todo esse tempo. Também é assim nas diversas instituições da sociedade, como trabalho, família e etc. Serei eu o petulante a duvidar da beleza dos dizeres? Petulante!

Então, aproximemo-nos mais dos dizeres e respeitar o pensamento. Entramos forçados. Foram condicionados desde crianças a assumir papéis. Faz isso. Não faz isso. Porquê? Porque sim, disseram os adultos forma-dos. Não é chip programado, nem mente a criar. São roupas que se devem gradualmente serem usadas. A sociedade, con-formar para viver em possível harmonia dirão tantos críticos e filósofos, como Rousseau, por exemplo. De fato, decidiu-se por eles. Foram forçados. 

Quanto a ficar calados. Eis a espinha dorsal do sistema educacional em qualquer parte do planeta. Quem os manteve calados? Eles que não foram fortes o suficiente para dizer alguma coisa ou para isso estavam ali, aprender a não dizer. Esquecer a infância das perguntas ininterruptas. Às vezes penso que os aprendizes não sabem fazer perguntas; e os mestres só sabem dizer respostas que ouviram por aí do tempo que saíram forma-dos. 

Forma-dos. Ou saíram na forma, preparados para perder, se levarem em conta o olhar dos professores desestimulados, a infraestrutura precária e imunda do ambiente. Tente, por exemplo, entrar num banheiro de escola pública. Na entrada, você se sente merda inconscientemente como a merda que se esconde no vaso. Só no shopping você finge que não é naqueles banheiros lindos de morrer. E por fim, conteúdos que engessam o pensamento. Forma-dos! Na vida é preciso ter marcos, etapas de passagem. Talvez, seja isso que pretendam dizer apenas: Mais uma etapa. Sou mais gente; mais sociedade.

Creio que vou voltar e sugerir para o próximo grupo que acrescente à frase: Quero merenda! Ficará mais irônico. De preferência que envie um exemplar à Diretora, ao Secretário de Educação e às autoridades do local. Ah sim, vamos sugerir aos políticos cada eleição: Entramos escolhidos. Ficamos parados. Saímos forçados. 

Oliveira Sousa 

domingo, 30 de novembro de 2014

DES-TINO




Todo dia o pacote. Receita e mapa para ser feliz. Em imagens para que absorva melhor. O caminho é este, nos dizem. Mas há confusão. Às vezes, passa-se a vida como se soubesse o caminho certo; ou finge que o encontrou. Está no pacote, o fingimento por sobrevivência na grande selva. Caberia um livro. A arte de Fingir. Quando passamos na rua colhemos dos passos as cabeças rodopiando buscando significados do conteúdo entregue no pacote diário. No escritório, a mente vaga no piloto automático. Na livraria, livros lutam para jogar terra na receita da vovó tradição. Outros, querem de vez pôr-nos - trocadilho bom - arreios.

Todo dia o pacote. Receita e mapa para ser feliz. Se há destino, todo trilho tem desvio. Forçando um pouco o trem muda; senão, quem sabe um tatu quebra a terra logo na emenda da alavanca. Quem anda, aprende o ritmo e as artimanhas dos passos. A palavra tem essência. Mas cresce com sinônimos e novos significados. Nada é o que se diz ser eterno. Até o deserto vira jardim. Não se enganem ao colocar o pacote e ter vida pronta. 

Todo dia o pacote. Receita e mapa para ser feliz. Dicionário para pesquisa. Está lá do jeitinho que deve ser. Não se nasce para questionar. A vida é para seguir. O contrário dá-se o nome de loucura. Está lá, tudo explicado. Talvez, é o que se conhece como segurança. Dá medo investigar. Tentar o diferente, o que fere o dogma. Porque não fazer origami na gravata para ir trabalhar. Não está no dicionário esta arte aplicar. Eis a resposta. E outras, melhor não denunciar.

Todo dia o pacote. Receita e mapa para ser feliz. É a sina. Quem assina?! Por nós, alguém nos diz o ar. Tem gente reescrevendo a história da humanidade com os botões de sua insanidade. Mas será loucura ir contra o que é da natureza. Levantam-se vozes. Tudo da vida humana é criação, não se engane. Receba o pacote. É preciso adaptação. Mas contemple bem. É necessário questionamento. A peleja da vida é essa. Abrir o pacote e colocar no outro pacote, o nosso, aquilo que serve para que a sina, minha sina, seja a que decidir que deve ser. E o que for, não se preocupem, será!

Oliveira Sousa 


MEMÓRIAS


Memórias
Pousaram sob a pele
Vindas de longe
Memórias


Tem rosto meu
Noutras formas
Enxerga-me
Dentro e fora


Pinicou o coração
Quis não deixar
Mas tinha a chave
Podia se hospedar


Oh, anjos do céu
Venham tear, peço
O olhar que me ver


Memórias
Despem-se de mim
Haverão de retornar
Como lã ou pedra

Memórias

Oliveira Sousa

GOTAS DE ALICE


A chuva caía. Era para me levantar. Também me lavar. Vestir o short curto e como nos velhos tempos de criança enfiei-me nos fios de água que desciam com saudades da terra. Saudades tinha eu de mim. Os primeiros fios banharam-me de liberdade e esquecimento. Às vezes, o mundo desaparece quando o prazer nos invade qual furacão. Um instante vira o motivo da vida toda. Seguia a biqueira tentando aprisionar a água e ela descendo indiferente a qualquer obstáculo. Chuva é sinônimo de abundância e infância. Correr pela chuva. Fazer barquinhos. Despedir a alma nas correntezas dos córregos. Enquanto dentro do espírito recolhe-se amuado a contingência, lá fora a chuva espalha e trás tudo à tona. Nada mendiga. Assim conheci uma menina, andante das águas. Blusa curtinha, short apertado. No início da puberdade, meu coração queria saber o amor, aquele dilúvio que nos inunda e rouba a identidade. Meu barco é mais rápido que o seu. Vamos ver. Mas realmente o barco dela já tinha derrubado o meu para o fundo das profundezas do oceano daqueles olhinhos hipnotizadores. Fiz de tudo para que meu barco permanecesse o segundo. Assim é o amor. Vende-se a vitória por um olhar. Arrenda-se a alma por um pelo ouriçado. Alice ganhou. Nasceu o amor em mim. Cresceu dentro do barquinho de Alice. Nunca mais vi Alice. Porém, toda vez que cai a chuva, meu barco se lança ao tapete das águas para perder, pois quem ama tem que perder para que só as peripécias do amor reine como capitão. Então, Alice reaparece sorrindo a vitória de seu barco, acenando ao suspiro que a memória do encontro me arranca. Mistério das águas caídas do céu. 

Oliveira Sousa 

PUÉRPERA




Engraçou-se
A luz veio
Tanta força
Que doeu

Vir era Graça
Respirar aqui
Do lado de fora
Com o ar de dentro

Talvez esqueça
Para ter saudade
Aprender a voltar

Cada brotar humano
Que seja para chorar
De encanto e vida

Luz que não pode apagar
Cada outro é para lutar
A luz que engraçou-se 

A luz veio
Para engraçar
O ar da Graça

Oliveira Sousa



TUDO SE FAZ LUZ



Tudo se faz luz
Deve ser crença
Para que assim seja

Tudo se faz luz
Quando há querer
Nos pés da luta

Tudo se faz luz
Na dor bem viva
Cavando a vida

Tudo se faz luz
Na mente criativa
Colhendo no deserto

Tudo se faz luz
Quando o humano
Assim se crê.

Oliveira Sousa